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Violência Contra a Mulher
Juliana Blaser
4 de dezembro de 2019
A naturalizada violência contra a mulher
Por Nathálya Soares Ribeiro – Psicóloga do Espaço Clínico Cogitus
A violência contra a mulher caracteriza-se por qualquer ato baseado no gênero, que cause morte, dano, ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. O tipo de violência contra mulher mais comumente apresentado nas mídias é a violência doméstica. No entanto, atos de violência cometidos na comunidade, por qualquer pessoa, e atos cometidos e tolerados pelo Estado e seus agentes também estão incluídos neste quadro.
No Brasil, um levantamento realizado pelo Datafolha em fevereiro de 2019 indicou que cerca de 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento. 22 milhões (37,1%) de mulheres brasileiras passaram por algum assédio. 42% dos casos de violência ocorreram dentro de suas casas (violência doméstica). 76,4% das mulheres que sofreram violência afirmaram que o agressor era alguém conhecido. Além disso, o levantamento apontou que as mulheres negras são as mais vitimadas.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em média, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no nosso país. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 70% de todas as mulheres do planeta já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência em algum momento de suas vidas, independente de nacionalidade, cultura, religião ou condição social.
A violência contra a mulher, em seus diferentes tipos, está associada a agravos em saúde física e emocional, como problemas cardíacos e neurológicos, transtorno de estresse pós-traumático, sintomas compatíveis com depressão e ansiedade, baixa autoestima, alterações no sono e no apetite, disfunções sexuais, ideações suicidas, uso problemático de álcool e outras drogas, etc.
O Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher tem o intuito de propor reflexões acerca da situação de violência que as mulheres enfrentam cotidianamente em todo o mundo. Muitos dos atos violentos acabam sendo considerados “normais”, quando ocorridos em um relacionamento, ou são reforçados por crenças referentes ao papel social da mulher. Portanto, a discussão aberta sobre esse tema é de fundamental importância para desconstruir tais ideias.
O trabalho do psicólogo neste contexto é importantíssimo, uma vez que ele atua na esfera pública e privada de modo a garantir que os direitos humanos básicos das mulheres sejam respeitados. As ações envolvem tanto medidas preventivas de combate à violência contra a mulher quanto o tratamento de problemas emocionais decorrentes da violência.
Os índices de violência contra mulher são altíssimos e uma pessoa próxima a você pode estar sofrendo. Não deixe de compartilhar informações que literalmente podem salvar a vida de muitas mulheres! Converse com as mulheres com as quais você convive, ouça com empatia. Se você já sofreu ou acha que pode estar sofrendo algum tipo de violência, não deixe de buscar ajuda – inclusive psicológica!
Canais para denúncia:
Disque 180 – Canal de Atendimento à Mulher.
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – buscar por região.
Em casos de urgência ou onde não há uma delegacia especializada, as denúncias podem ser feitas pelo disque 190 (Polícia Militar).