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TRANTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE – CARACTERÍSTICAS
Juliana Blaser
7 de outubro de 2021
Por Juliana Blaser
É quase impossível fazer o diagnóstico de qualquer problema, seja mental ou não, apenas com a leitura de uma lista de características. Porém, também é impossível negar que as pessoas buscam informações através da internet para compreenderem o que se passa com elas, e por isso resolvemos oferecer-lhes uma fonte de informações confiável.
Normalmente, quando falamos de características associadas a um Transtorno de Personalidade, e outros problemas de saúde mental, o nosso guia de referência é o DSM, no caso atual, o DSM-V. Então vamos lá…
O primeiro comportamento da lista de sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é o comportamento suicida recorrente. Aqui falamos tanto de tentativas concretas de suicídio, quanto de ameaças de cometê-lo. Ao defrontarem-se com dificuldades, especialmente aquelas que envolvem grande ativação emocional, o impulso de cometer (ou ao menos o pensamento de pensar em cometer) suicídio é muito recorrente no TPB. Porém, devemos tomar muito cuidado para não tirar conclusões precipitadas, porque nem toda pessoa que pensa em morrer em um determinado momento da vida é Borderline. O desejo de morte acontece por vários motivos que abordaremos em outro post.
Uma segundo comportamento na lista é o comportamento de auto-lesão, que pode ocorrer utilizando inúmeros meios (desde navalhas até bater a cabeça na parede). Nesse caso, o comportamento é recorrente e geralmente ocorre como forma de lidar com uma dor emocional, abandono de um parceiro ou com a culpa por ter reagido de uma maneira que não gostaria.
Em terceiro lugar temos comportamentos compulsivos com bebida, sexo, compras, comida, drogas, dentre outros. Vale lembrar que para caracterizar um comportamento compulsivo não basta ter exagerado uma vez no pote de sorvete ou na bebida, nem do fato de uma pessoa “gostar de sexo”. Falamos aqui de relações sexuais que colocam a pessoa em risco (seja de DST, seja de agressão), de começar a beber ou comer e não conseguir parar recorrentemente, de comprar diversas vezes, sem conseguir se controlar até não ter mais dinheiro – e isso causar prejuízos sociais, financeiros ou emocionais., claro
Em quarto lugar, temos uma desregulação emocional expressa principalmente através das crises de raiva. O paciente Borderline tem mais gatilhos que as pessoas comuns; experimenta emoções intensas por motivos que outras pessoas não o fazem, vai aos extremos emocionais mais rápido, e demora mais para “voltar ao normal” que as outras pessoas. Além disso, usualmente tem menos ferramentas para regular as suas emoções e geralmente se deixa levar por elas, sem conseguir se controlar.
Em quinto lugar, temos o medo do abandono. Ninguém gosta de terminar um relacionamento ou perder uma pessoa amada. Porém pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline se sentem verdadeiramente desesperadas quando percebem que podem ser abandonadas pelo companheiro e às vezes fazem “loucuras” para que o companheiro não as abandone. É comum que vivam relacionamentos abusivos ou que tenha ideação/comportamento suicida ou auto-lesivo ao serem abandonadas ou imaginarem que o serão.
Inclusive, é comum também que a pessoa “veja em todo lugar” pistas de que está sendo traída, enganada, de que será abandonada ou de que as pessoas a estão julgando negativamente. Essa é uma forma que se expressa o critério diagnóstico de ideação paranóide transitória relacionada ao stress ou sintomas dissociativos severos.
Além disso, os relacionamentos são geralmente muito intensos, podendo envolver “grandes paixões” e brigas (normalmente associadas a agressão física ou verbal) constantes. O parceiro é em alguns momentos idealizado e em outros é visto como “a pior pessoa do mundo”; “ou 8 ou 80”. Mas lembre-se: isso não ocorre apenas no TPB. Pessoas submetidas a relacionamentos abusivos em geral experimentam essa sensação, e o fato do relacionamento ser intenso, instável e envolver agressões não pode jamais ser atribuído exclusivamente a uma característica de personalidade de um dos parceiros.
É comum ainda que o Bordeline experimente uma sensação de vazio existencial. Porém só isso não caracteriza o quadro. Muitas pessoas se perguntam sobre o sentido da vida, ou não se sentem adaptadas ao contexto/mundo que vivem e nem por isso seria diagnosticadas com TPB.
Por fim, temos ainda uma auto-imagem instável. Ter dúvidas sobre a sua profissão ou mudar de carreira uma ou mais vezes não é suficiente para caracterizar esse sintoma. No caso do TPB o problema é que a pessoa geralmente, além de ter dificuldades de manter uma escolha, é também volúvel com relação à seus valores, às suas características pessoais, seus gostos, suas metas…Não raro tais valores são adaptados de acordo com o companheiro ou figura de referência.
Não é nosso intuito aqui que uma pessoa leia toda a lista acima e chegue à conclusão se tem ou não um Transtorno de Personalidade, mas apenas trazer uma luz para aqueles que buscam informações sobre o tema e que talvez desejem se submeter a uma avaliação diagnóstica mais aprofundada.
Para aqueles que queiram conhecer mais sobre uma das terapias mais eficazes no tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline, sugerimos a leitura sobre a Terapia dialético comportamental em nossas especialidades.