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Por que a minha terapia não funciona?
Juliana Blaser
24 de março de 2023
Muitos pacientes, especialmente aqueles com Border, já passaram por várias terapias e estão completamente desesperançados sobre o tratamento. Mas afinal, por que a minha terapia não funcionou?
Abordagem: Primeiramente é importante que você saiba que existem tipos de terapias que são mais ou menos eficazes para cada tipo de quadro. A Terapia comportamental Dialética e a Terapia do Esquema são as que mais funcionam no tratamento de Borderline, por exemplo.
Medicação: Muitos pacientes fazem apenas terapia, mas não utilizam a medicação, ou então passaram muito tempo com o diagnóstico errado e acabaram usando a medicação errada. Saiba que a terapia em conjunto com a medicação, formam uma combinação poderosa para ajudar em sua melhora.
Colaboração: Muitos pacientes, às vezes por uma visão errônea construída socialmente, acreditam que o Psicólogo possui sozinho “a chave para a mudança da minha vida” e quase “um poder de entrar em suas mentes”. Outros, por já terem passado por tratamentos ineficazes, querem que o psicólogo “prove para eles” que a terapia funciona antes de decidirem se engajar nela. O problema é que isso é impossível. A Terapia só funciona se você se engajar, caso contrário não irá mesmo funcionar.
Vim obrigado: Muitas pessoas, especialmente jovens, vêm obrigados à terapia. Isso não funciona! O que podemos fazer é sessões iniciais para que a pessoa conheça a terapia e assim possa considerar que esta tem algo lhe oferecer. Porém, se a pessoa ainda assim não quiser, não adianta continuar uma Terapia Dialética.
Medo de acreditar: Por já terem vivido fracassos anteriores, muitas pessoas têm medo de se permitir ter esperanças em um novo tratamento e voltarem a se frustrar caso ele falhe. Isso é compreensível. Porém, tente conversar com o seu terapeuta sobre o que a terapia que você está tentando agora, bem como as características de seu momento de vida, podem ser diferentes das outras vezes que você tentou. Tentativas diferentes, embora semelhantes, podem levar a resultados diferentes.
Medo do julgamento: Outra coisa que pode atrapalhar muito a terapia é o medo que as pessoas têm de serem julgadas pelo terapeuta por aquilo que contarão a ele. Saiba que aqui na terapia não queremos te julgar, queremos compreender os seus motivos e ajudar.
Descrença na sua capacidade: Muitas pacientes, especialmente pacientes com experiência em terapias que pediam tarefas de casa, costumam se preocupar muito com o fato de não serem capazes de realizar as tarefas de casa pedidas pelo terapeuta. Mas não se preocupe. Você tem todo direito de não conseguir fazer uma tarefa, por mais “fácil” que ela pareça. O terapeuta não precisa que você saiba fazer, precisa apenas que, quando você não souber, consiga comunicar para que juntos vocês superem o desafio.
Medo de “deixar de ser você mesmo”: Muitas pessoas relatam que têm medo de iniciar a terapia ou o tratamento medicamentoso e deixarem de ser elas mesmas. Mas saiba a terapia está aqui apenas para despertar tudo de melhor que JÁ EXISTE dentro de você e te ajudar a desenvolver ferramentas para lidar com as suas dificuldades. Mas será sempre você que estará no controle.
Expectativa irrealista de melhora: Muitas pessoas vão à terapia esperando que consigam melhorar, mas nem sabem ao certo dizer o que seria “melhorar” ou têm uma expectativa irrealista de melhora. Uma pessoa, por exemplo, que tinha 10 crises no mês e hoje tem uma está SIM melhorando. Por isso é muito importante definir o que você espera da terapia e avaliar frequentemente o que você tem conseguido naquele sentido. Lembrando que a redução na frequência de uma experiência (crise, compulsão, auto-lesão) ou o aumento de capacidades (como auto-controle) já são uma melhora e tanto.
E para as Border também …
Medo do abandono: Essa vale especialmente para o Borderline… Como um de seus pontos fracos é exatamente o medo do abandono, é muito provável que o Border seja resistente à relação terapêutica com medo de que o terapeuta possa vir a abandoná-lo. Busque um terapeuta em quem você consiga confiar.
8 ou 80: Não é só com a “pessoa favorita” que o Border é 8 ou 80. Isso também vai ocorrer com o terapeuta. O paciente pode ser muito sensível a um gesto ou palavra do terapeuta e interpretar isso como crítica ou sinal de abandono. Se isso acontecer, não abandone a terapia! Converse primeiro com seu terapeuta e tente esclarecer a situação.
Medo de “atrapalhar” o terapeuta: Muitas vezes quando as Border se encontram em crise, elas têm medo de comunicar o terapeuta sobre isso para não atrapalhar. Porém, muito mais difícil para o terapeuta é saber de uma crise depois que ela já aconteceu e ele não pode fazer mais nada.
E aí? Que tal tentar de novo uma terapia?