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Invalidação: quando o que sinto não é bem-vindo
Juliana Blaser
30 de julho de 2022
Por Juliana Blaser
Muitos de nós, especialmente as crianças Border, ouviram frases como essas na sua infância. A criança perdeu um bichinho querido e ouve um “Mas que bobeira isso, compre outro”. Ela está frustrada porque não conseguiu algo para o qual se empenhou e a mandam “engolir o choro” ou “se esforçar mais”. Ela se entristece porque os amiguinhos não quiseram brincar com ela e ouve “a culpa é sua porque você é insuportável; ela chora e é ignorada… E por aí vai.. Ao invés ter sua emoção reconhecida pelos seus familiares, ela é ignorada e até mesmo punida por expressá-la.
Para qualquer criança isso pode ser nocivo, mas para uma criança sensível como a Border é ainda mais perigoso. Quando a invalidação é recorrente ao invés de aprender a lidar com as suas emoções (regulá-las) e ser acolhida em suas necessidades, a criança tem de seu ambiente a mensagem de que leva suas emoções são erradas e até mesmo começa a desconfiar da sua própria capacidade de perceber o mundo. Ela se sente confusa quando percebe que algo que a deixa triste é considerado banal pela família e começa a considerar que não não “sabe sentir direto”, que “não deveria estar triste” , ou ainda que “sentir algo é errado”. Isso pode fazer com que ela tente suprimir o que sente para conseguir se ajustar ou a sentir culpa/vergonha por estar experimentando algo que “não deveria”. Além disso, há ainda um terceiro problema: a emoção da criança geralmente é a expressão de alguma necessidade. Quando ela não é levada em consideração (invalidada), muitas vezes a criança terá que escalar para ter a sua necessidade atendida, ou seja, ao invés de ficar irritada ela vai gritar, ao invés de chorar ela vai se jogar no chão em prantos.. Tudo isso para tentar fazer com que a sua emoção seja percebida.
Segundo o modelo teórico da Terapia Comportamental Dialética a invalidação é um mecanismo muito importante no desenvolvimento do Transtorno de personalidade Borderline. Quando adultos, o que podemos fazer é tentar corrigir o erro é ajudar a Border a perceber que existem muitos contextos em que as suas emoções são totalmente válidas e adequadas, a reduzir a culpa por sentí-las, dar-lhe ferramentas para regulá-las e a descobrir outras maneiras de demonstrar suas necessidades emocionais sem precisar “escalar”