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Fim de ano e um novo Eu
Juliana Blaser
30 de dezembro de 2019
Fim de ano e um novo Eu
Por Julio Mazzoni – Diretor e Psicólogo do Espaço Clínico Cogitus
O que você diria para você mesmo daqui um ano? Hoje é o último dia de 2019 e escolhi a carta de um dos meus pacientes para compartilhar com vocês. Com sua devida autorização e preservando o sigilo ético-profissional, compartilho a carta que ele escreveu para si mesmo após o processo de psicoterapia. O objetivo da carta foi dizer para seu “velho eu” tudo o que gostaria de compartilhar a partir de sua perspectiva atual, no momento presente, ao finalizar a terapia. A carta deste paciente consegue sintetizar muito do que é vivenciado nas sessões de psicoterapia e como ela pode, através de estratégias e técnicas, produzir mudanças em nossa forma de experienciar a vida.
“Olá velho amigo! Como sei que você não tem muito tempo, gostaria de ser breve, porém tenho algumas informações para você que serão importantes.
Sabe aquela importância que você dá para controlar as coisas? Sendo muito honesto acredito que, se observar, vai perceber que todo o sofrimento que você tenta evitar com seus planos mirabolantes é muito desnecessário. Pense bem, na realidade, o que você faz é substituir o medo de saber o que fazer pelo medo de falhar nos seus planos. Parando para pensar, você vai concordar comigo que, inclusive, você mais falha do que acerta, o que só acarreta sofrimento constantemente.
Uma pessoa muito especial pediu para te avisar também que os seus pensamentos não correspondem necessariamente à verdade. Não é porque você pensou em algo que aquilo se torna um fato. Você tem muitos pensamentos, eu sei muito bem disso, porém, se parar um pouco, respirar fundo e começar uma leve prática meditativa, irá perceber que muitos desses pensamentos não estão sob o seu controle, e, portanto, não devem receber sua atenção como você costuma fazer.
Você pode pensar “mas quem é esse cara para simplesmente desconstruir quem eu sou e nem mesmo apresentar uma solução?”. Pois bem, eu tenho uma indicação: Que tal trocar a lógica? Se controlar é impossível e só traz sofrimento, talvez a ausência de controle resolva a sua situação. Busque só executar, viver, sentir e aproveitar o que tiver de ruim ou de bom na situação em si. Pode ter certeza que NINGUÉM saberá se você controlou ou não a situação, e sendo honesto mais uma vez… NINGUÉM se importa com isso.
Dando esse primeiro passo, algumas coisas muito interessantes vão acontecer. Primeiro que você não se cobrando controle já é um passo para sair da posição de constante ansiedade que te afeta. E, não tendo regras pra seguir e fracassar, você já sai também daquela posição de fracasso que só serve para te deixar mais triste e frustrado do que você já é. A partir do momento que você vivenciar as pequenas coisas, sejam elas boas ou ruins, você passará por um grande aprendizado, e acredite que a sequência é uma espécie de amor incondicional a todas as coisas que você vivenciar. E essa será uma grande vitória com a famigerada falta de vontade que tanto te afeta.
Para encerrar, eu poderia te dizer que coisas ruins acontecem e que não podemos evitar, ou que podemos virar as costas para o mundo quando ele vira as contas para nós, mas o certo mesmo é te dizer que essas são dicas iniciais para você trilhar sua caminhada e que quando você menos esperar, os pensamentos, as tristezas, ansiedades e todas as coisas ruins e insuportáveis terão ido embora e você estará livre e a todo vapor para retomar sua longa caminhada. E você finalmente pode me questionar “Mas como você pode ter tanta certeza de tudo isso?”. Essa é muito fácil, pois afinal eu sou você mesmo e estou aqui 1 ano depois, em paz e totalmente pronto para caminhar.”